Essa foi apresentada ao público em maio de 2016, com uma
seleção de conteúdos abrangentes, dando forma a um currículo mais conteudista
que o anterior e apresentando o desenvolvimento de história do Brasil a partir
de um viés eurocêntrico. Já a terceira versão da BNCC, para a disciplina
escolar de História, foi apresentada em abril de 2017 e homologada em dezembro
do mesmo ano, contendo poucas alterações. Essa versão lançou mão do conceito de
competências, que fazia parte dos movimentos reformistas da década de 1990 e
internalizado nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para o Ensino Médio.
Dentro desse contexto de políticas neoliberais influenciando a educação brasileira, é capital destacar que a formação no Ensino Médio, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 2000a), fundamenta-se predominantemente na constituição e no desenvolvimento de competências e habilidades que promovam o "aprender a aprender”
[...] formação básica a ser buscada no Ensino Médio realizar-se-á mais pela constituição de competências, habilidades e disposições de condutas do que pela quantidade de informação. Aprender a aprender e a pensar, a relacionar o conhecimento com dados da experiência cotidiana, a dar significado ao aprendido e a captar o significado do mundo, a fazer a ponte entre teoria e prática, a fundamentar a crítica, a argumentar com base em fatos, a lidar com o sentimento que a aprendizagem desperta (Brasil, 2000a, p.74).
O ensino direcionado ao desenvolvimento de competências e habilidades tem sido priorizado em detrimento dos conteúdos sistematizados historicamente. Isso indica uma mudança de ênfase na educação, na qual o objetivo principal parece ser produzir indivíduos que se adaptem facilmente ao sistema produtivo contemporâneo. Assim, o sistema educacional está respondendo às demandas do mercado de trabalho, que valoriza cada vez mais essas habilidades, em prejuízo do conhecimento plural.
Embora a Base Nacional Comum Curricular (Brasil, 2018a) não apresente explicitamente seu referencial teórico, uma análise de seu conteúdo sugere claramente a preferência por estruturar a reforma curricular com foco nas competências e habilidades. Essa abordagem, como mencionado anteriormente, privilegia as demandas do mercado de trabalho, causando desvantagem a uma educação que promova a emancipação dos indivíduos.
A contextualização no Ensino Médio contemplado na
[...] área de Ciências Humanas contribui para que os alunos
desenvolvam a cognição in situ, ou seja, sem prescindir da
contextualização marcada pelas noções de tempo e espaço, conceitos fundamentais
da área. Cognição e contexto são, assim, categorias elaboradas conjuntamente,
em meio a circunstâncias históricas específicas, nas quais a diversidade –
cultural, étnica, de gênero, entre tantas outras – deve ganhar especial
destaque, com vistas ao acolhimento da diferença. O raciocínio espaço-temporal
baseia-se na ideia de que o ser humano produz o espaço em que vive,
apropriando-se dele em determinada circunstância histórica. A capacidade de
identificação dessa circunstância impõe-se como condição para que o ser humano
compreenda, interprete e avalie os significados das ações realizadas no passado
ou no presente, o que o torna responsável tanto pelo saber produzido quanto
pelo controle dos fenômenos naturais e históricos dos quais é agente (Brasil,
2018a, p. 305).
Trabalhar conteúdos de forma contextualizada e conectá-los significa relacionar o novo conteúdo aos conhecimentos históricos do passado, permitindo uma análise abrangente do conjunto de informações. Essa abordagem envolve a apresentação do conteúdo em um contexto mais amplo, possibilitando ao aluno entender como os conceitos evoluíram ao longo do tempo e como eles se encaixam no quadro geral do conhecimento. Significa também incluir saberes dos diferentes grupos subordinados, fortalecendo no currículo saberes contextualizados. Isso não está contido da definição de contextualização presente na BNCC.
A BNCC é uma imposição e nós professores ficamos a mercê destas políticas neoliberais
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